Um impulso para a Biodiversidade na Reserva da Faia Brava
por ATNatureza
A Transumância e Natureza – Associação (ATN) é uma organização não-governamental de ambiente e sem fins lucrativos, criada em 2000, em Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda, e tem como missão conservar, valorizar, conhecer e divulgar o património natural do Nordeste de Portugal, pela via da sustentabilidade e com a participação da comunidade, através da gestão e da proteção de áreas naturais.
A criação da ATN teve como principal motivação servir de suporte para a implementação de um projecto de conservação do Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus) e da Águia de Bonelli (Aquila fasciata), na região Nordeste de Portugal.
Em 2008, a Reserva da Faia Brava incluía cerca de 600ha, o que levou a ATN a assumir objetivos de longo prazo para a área, tendo desenvolvido um plano de gestão a 10 anos. Este plano, que entretanto foi renovado e que atualmente está em execução, permitiu estruturar soluções e ações de conservação, orientado para o restauro e valoração ecológica das propriedades, com especial ênfase para a conservação da avifauna.
O plano foi publicado em 2009, ano em que se iniciou a sua execução efectiva, tendo seguidamente dado origem a uma proposta de classificação da reserva como Área Protegida Privada, processo que foi terminado com sucesso em 2010.
De 2000 a 2003, a estratégia desenvolvida pela ATN no Nordeste de Portugal, no âmbito deste projecto, correspondeu a 3 conjuntos de ações:
1. A aquisição de terrenos importantes para aves;
2. Um programa de alimentação suplementar: repovoamento de pombais e campo de alimentação de aves necrófagas;
3. Acções de sensibilização ambiental dirigidos à população local.
Neste período, a ATN adquiriu terrenos em 3 locais importantes para as 2 espécies de aves de rapina, abrangendo cerca de 67ha, designadamente na ZPE Vale do Côa (Rede Natura 2000) e no Parque Natural Douro Internacional.
Em 2021, a ATN geria uma área total contínua de 1000ha na Faia Brava, que inclui a principal zona de nidificação de aves rupícolas da ZPE Vale do Côa, ao longo de 5 km, assim como significativas áreas limítrofes de alimentação destas aves.
Ao longo dos últimos 21 anos, na Reserva da Faia Brava, a ATN tem testado e consolidado uma metodologia de atuação em conservação da natureza, que considera poder ser replicada com sucesso noutras áreas naturais. A ATN considera que é fundamental preparar uma estratégia de conservação para a associação, que permita:
1. Planear uma intervenção sustentada e sustentável neste território ampliado;
2. Definir valores naturais prioritários;
3. Identificar ameaças, soluções, objectivos e acções tipo para cada espécie ou biótopo;
4. Criar e gerir uma rede de áreas naturais prioritárias dentro desse território.
Descrição do Projeto
Este projeto inclui uma série de medidas de conservação da natureza na reserva da Faia Brava com impacto direto na biodiversidade.
O mesmo terá impacto a curto quanto e a longo prazo.
A longo prazo propomos acelerar a reflorestação através da poda de 2ha de área arbustiva e sobreiros, potenciando o crescimento vertical, e a criação de quatro manchas de biodiversidade florestal (cada 0,25ha) como futuro banco de sementes para a reflorestação natural.
Como medida preventiva, propomos remover 50ha de áreas dominadas por arbustos para reduzir o risco e o impacto de incêndios florestais e criar um corredor de incêndio para interromper os incêndios florestais.
Além disso, propomos a criação de um novo ponto de água a Norte que atrairá os herbívoros que agora ficam mais na área Sul da reserva.
Uma melhor migração natural de herbívoros aumentará a diversidade estrutural e, portanto, a biodiversidade.
Todas as ações e seus resultados serão alvo de monitorização ao longo do projeto.
Neste projeto temos como principais objetivos:
1. Espalhar os herbívoros por toda a reserva, levando a uma maior diversidade estrutural no ecossistema e, portanto, à biodiversidade;
2. Acelerar o reflorestamento, levando a uma biodiversidade com maior resiliência do ecossistema;
3. Diminuir o risco e o impacto dos incêndios florestais, a principal ameaça ao ecossistema;
4. Aumentar a biodiversidade aquática em charcas, reduzindo o impacto negativo dos herbívoros e aumentando a disponibilidade de água.
Ecossistemas-chave
Ecossistemas mediterrânicos continentais e ecossistemas profundamente modificados pelo Homem através da pastorícia e fogo em áreas de baixa pluviosidade, cujo processo de renaturalização pode vir a ser enquadrado no projeto do Grande Vale do Côa.
Espécies-chave
Carvalho (Quercus suber), Sobreiro (Quercus rotundifolia), Cedro-do-mato (Juniperus oxycedrus), Medronheiro (Arbutus unedo)
Gestor do Projeto
Henk Smit
Responsáveis
Nuno Ferrand e Carlos Aguiar
Local de intervenção
Figueira de Castelo Rodrigo
Período de implementação
22 meses
(Março de 2021 a Dezembro de 2022)
Investimento
99.454€
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